sexta-feira, 3 de junho de 2011

Os 30 melhores poemas de Otto Dusquene, até agora - por ele mesmo (25)

Stand by

desisti de esperar a primavera
nem em Praga ela se revela
eu agora não desejo nada, realmente não preciso de coisa alguma
a não ser manter este corpo dolorido e bêbado no sofá
descanso merecido para esta carcaça
após 28 anos de trabalhos infames
mentalmente brutais, sem razão aparente

agora junto-me à humanidade
sem crédito, sem mínima expectativa
junto-me aos milhões de homens comuns
que se incapacitam diariamente
suprindo necessidades alheias, industriais, comerciais
com a mais completa escuridão da alma

estou com vocês
somos, hoje, iguais
vou junto
mesmo refestelado neste sofá carcomido, feliz,
sem margaridas mal servidas

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