quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Miragem de uma vaca na estrada do desconhecido

a semana é sempre em perspectiva
pode ser uma droga - e geralmente é -
ou nela chegar a Fortuna, essa prostituta linda,
e ela poderá finalmente mostrar a calcinha para você

confie, Dusquene, aprenda com os dias ruins
dias de insolação, urticárias e dor,
de suor esfalfante, de pragas e insânias
de nada

lembre-se que haverá sempre a possibilidade
do tinto e do relax, da sorte sentar em seu colo

"E aí, mulher, como você cê chama?"
"Rebecca Money".
"Sobrenome interessante, Reby, Aceita um copo?"

E ela aceita e ela põe a língua fria na sua boca
e, com a mão macia, pega o mangalho, já teso.
"Hoje a sorte sorriu pra você, Duc".

E ela sorri aqueles belos dentes de pérola
na moldura do carmim intenso.
"É, baby, eu merecia um descanso das trincheiras".

"Então, Reby, como vai ser? Onde assino para receber a grana?"
E ela me mostra um pergaminho antigo,
retirado da liga preta de sua perna direita.
Ela toda de seda azul, perfeita, maravilhosa...
"Aqui, no pontilhado".

Ao colocar a caneta na linha indicada, eu noto
a expressão no meio do texto, diminuta, mas logo acima.
"e assim ele concede sua alma".
"Porra, de novo essa história de alma, Reby".

Mas quando eu levantei os olhos a puta havia sumido.
E eu ali, no quarto, segurando a caneta verde-enxofre
com o zíper aberto e o pau penso.

Senso

somos uma sociedade de idiotas,
confrontamos rostos sem objetividade,
é, cara, objetividade

e não há razão para otimismo,
a sociedade se mata em si mesma,
sei lá o que é isso,
mas sei que é

somos  bolas de capim seco
na tempestade,
não sabemos nosso futuro,
mas que iremos a ele,
iremos

e aquela dona
faz um carinho estranho,
legal


...

Marylou foi foder com Tom
Tom foi comer Marylou
Ambos pensavam que podiam amar
mas era só sexo
e cerveja
e barro
e som
e nada