quarta-feira, 30 de maio de 2012

"porra, baby,
bêbado de vinho, lerei seus olhos na lua,
um dia meio branca, outros meio nua..."

caralho, que merda é essa, Dusquene!

Bullingan

Bullingan tinha um olhar "pornógrafo"
- quero dizer pornógrafo mesmo, como um olhar-mecanismo
as mulheres se sentiam nuas diante dele
cada cruzar de pernas, cada nuance de quadril
Bullingan captava, apreendia, catalogava

as mulheres ficavam desesperadas, levando a mão
no meio das pernas, escondendo as mamas
mas muitas gostavam do olhar sacana de Bulligan
se havia as incomodadas, havia as lisonjeadas,
cheias de malícia e que estufavam as carnes para que
Bullingan pudesse apreciar melhor a paisagem

Bullingan tinha um olhar pornográfico
mas era impotente e só e bancário e nunca forçou nada
com Sally, Debra, Suzzy, nada com ninguém,
tinha um olhar pornográfico e só

A estante morta neste dia turvo

1
A merda é estarmos todos vivos ao mesmo tempo.

2
Ninguém merece o que não tem.

3
Sofrer? Vá à África, veja o que é sofrimento.

4
Toda mulher é um estado de espírito estranho.

5
Morrer é melhor do que estar meio vivo.

6
Katrina, Irene... Ah, as mulheres de minha vida!

7
Foder às vezes não é melhor do que coçar o saco.

8
Vou quentando...

9
Toda mulher é um tédio depois de duas horas.

10
Dusquene, um dia a sorte lhe cai nos joelhos

terça-feira, 29 de maio de 2012

...

em memória a mim mesmo
em lugar nenhum
pelas ruas, pelos bares,
enfermos de gente

estarei com você, Lucy,
para o que der e vier,
mas não conte comigo
nesta tarde, neste bar,
neste momento calmo
em que me esqueço

faremos falta uma para o outro,
quando andarmos nas ruas
daqui a dez, 15 anos,
realmente sentirei falta de você
e você um pouco de mim


segunda-feira, 28 de maio de 2012

O que devemos fazer para não perder a sanidade

"Ei Lou, minhas bolas estão murchando". "Deixe disso, é só imaginação sua". "Mas é verdade, meu saco está mais leve". "Isso não existe". "Até Marion notou. Ela pesou com a mão, e viu que o troço está mais leve, é sério". "Você precisa de uma segunda opinião, mas não a minha... Vá ao médico". "Eu não tenho plano de saúde". "Vá ao posto". "Lá nem chegarão a olhar..." "Quer saber? Corte e jogue fora". "É uma opção, mas não agora. Quando as bolas chegarem ao tamanho de ervilha, quem sabe?".

em parte, do meu eu imundo e tolo

não há vitória
em lugar algum
em parte alguma
só o sol ardente
sobre meus olhos

e as pernas das mulheres
já não são mais tão legais
as mulheres estão ficando
cada vez mais gordas, óbvias,
não se cuidam mais, nem um pouco,
são meros animais que procriam

a humanidade está cansada de si mesma, quer vomitar-se
ou algo assim, insano

estamos todos no mesmo jogo
só que alguns estão ganhando bem mais que outros,
a maioria está, cotidianamente, afundando em merda,
aliás, a maior parte dos seres não ganha nem para defecar

olhando o quadro, chega a ser engraçado...
não, não podemos realmente perder a ironia, o humor jamais,
apesar das coisas que vemos e sentimos,
a ironia, a frase ácida, é isso que irá sempre nos segurar
na ponta do abismo: caguemos ao mundo, então

sábado, 26 de maio de 2012

Death City

sinto que estou nesta cidade morta
com pessoas que não fazem sentido algum
vermes que passeiam sobre a terra desnuda
estou nesta cidade morta
bebendo um drinque qualquer
num bar qualquer,
lá fora o céu chumbo
do temporal iminente

gente estúpida ao meu redor...
calma, Dusquene, bebe um gole,
e esquece

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A quem importa que eu pare

1
Deus dá a cerveja, o pão e o triglicérides alto.

2
Estou vivo ainda. Não sei como. Mas estou.

3
Todos nós somos meio hipocondríacos. Não se preocupar com a saúde é também uma forma de fuga.

4
A merda é o fígado. Cuide do seu, camarada.

5
Do meu, cuido eu.

6
Vou morrer com uma tremenda qualidade de vida. Me acabando em...

7
Um hospital é o melhor lugar para se estar quando se está bêbado.

8
Vamos à dieta. Mas com moderação.

9
Qualquer sinal de saúde é meio impróprio para um escritor underground.

10
Vivamos, porém.

o que largamos no turbilhão ao vento volta

necessário seria apenas um gesto largo
uma palavra mais calma
um sorriso sem pagamento
para salvar uma vida

um aceno de cabeça,
um OK bastaria
um comentário jocoso
qualquer camaradagem
um bater de copos
bastaria

o mundo perde muito
sem esses pequenos gestos
então, mantemos nossas caras fechadas,indiferentes,
como se fôssemos parte de uma competição,
peças de um jogo, lento e brutal

abra um cerveja, homem
cante a velha canção
inaugure uma nova estrada
com um passo
um passo
firme

sei que é difícil acordar
com essa raiva, sempre
esse amargor
essa ressaca social
ainda mais
nessa cama cinza
nesses lençois desbotados
da miséria compartilhada

terça-feira, 22 de maio de 2012

Sob o chão de Saturno, essa merda...

esta noite
estou triste
as coisas
não fluem
como deveriam

nem as mulheres
de dia
estavam melhores
nas ruas
hoje

e
todos são
indiferentes
a todos

levam suas mágoas
e angústias
presos
como tigres contidos
uma merda...

e vão morrer
disso
aos poucos
sempre

e assim
viveremos
até o fim
sem dar qualquer
espaço ao que
realmente
queremos fazer
ou dizer

Por que comigo, meu Deus?

sempre acontece comigo...
ontem no metrô uma dona se levantou
bem na minha frente
e começou a pregação
a falar de Aids e seus perigos
da infidelidade no casamento
de divórcio, de como educar filhos,
de castigos corporais,
de fé ou falta da mesma

o discurso durou duas horas
a voz da mulher era estridente
e eu estava de ressaca
até que olhei pra ela
e ela percebeu que era hora de parar com aquilo

não fui eu só quem olhou
uns dez olharam e, se ela não parasse,
haveria o primeiro assassinato no metrô
desde a sua inauguração, eu acho

sempre me pergunto...
por que as pessoas se julgam eleitas?
por que não se encolhem em sua insignificância, meu Deus?
por que não vão servir longe? Em um exército de salvação qualquer

realmente
eu não preciso disso às 8 da manhã, não mesmo
eu preciso é de silêncio, peço somente um silêncio ostensivo
para um homem cujos olhos doem ao contemplar tamanha luminosidade

Meu elo com o infinito de ser ninguém

1
É preciso ter paixão ao escrever. Mas repulsa pela humanidade.

2
Quando vejo uma mulher cuidando de criancinhas, brocho.

3
Morrer não é nada diante do que passamos do nascimento até subirmos no trem, de volta.

4
Certamente ninguém me falou que seria assim. Se falasse, eu não viria.

5
Certas mulheres não são para certos homens.

6
Quem ama, melhora. Ou fica na mesma.

7
Foder é uma confissão de dependência, quando se ama.

8
Cachorro pode cheirar a bunda do outro, mas ninguém cheira a minha.

9
Para se manter fiel só saindo com outras mulheres.

10
Tristeza em demasia sempre me dá vontade de rir.

Comportamento

As pessoas se empanturraram de coisas que não precisam. Cada norte-americano de classe média tem, pelo menos, três cartões de crédito na carteira. Gastam o que não têm, e recebem mais crédito para gastar. É um círculo de demência. Agora, têm que saldar as dívidas, que se acumulam como neve de avalanche sobre suas cabeças. A economia freia. A merda é geral. O país patina. O desemprego cresce. Mas eu continuo a tomar meu café quente, de manhã, aqui nesta birosca.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O fato é o mesmo e sem razão alguma

não briguemos mais por causas risíveis
a vida é maior que isso, baby
- ou talvez seja justamente isso
não percamos mais tempo remoendo o nada
que isso nada vale e perderemos um tempo
que poderia ser compartilhado com um drink
e uma boa conversa, leve, no sofá
eu massageando seus pés, você sentindo cócegas,
eu bebericando e você me contando, dizendo feliz,
notícias que eu não escuto

Caminhe homem, não pare, caminhe...

sempre poderá ser tarde,
tarde, muito tarde,
para qualquer coisa que valha a pena,
mas é preciso levantar o traseiro
do banco ou do sofá e fazer,
camarada

o trabalho precisa de suas mãos
de meia-idade para continuar seguindo,
é preciso continuar fazendo a insignificância
toda, completa, até os ossos

penteie o cabelo, calce os sapatos,
vista a camisa social, caminhe, homem,
caminhe nesta merda de calçada,
para o sol, sempre para o sol,
que o metrô, lá na frente, engole, rápido,
juntamente com uma multidão
de seres ignóbeis, bestiais,
verdadeiramente repugnantes

sexta-feira, 18 de maio de 2012

....

ir bebendo numa grand party
é a melhor coisa do mundo
você beber uma boa dose de uísque
num festa de alto nível
não tem coisa melhor

todos mundo relaxado
como cu em diarreia

Meu elo com o infinito de ser ninguém

1
É preciso ter paixão ao escrever. Mas repulsa pela humanidade.

2
Quando vejo uma mulher cuidando de criancinhas, brocho.

3
Morrer não é nada diante do que passamos do nascimento até subirmos no trem, de volta.

4
Certamente ninguém me falou que seria assim. Se falasse, eu não viria.

5
Certas mulheres não são para certos homens.

6
Quem ama, melhora. Ou fica na mesma.

7
Foder é uma confissão de dependência, quando se ama.

8
Cachorro pode cheirar a bunda do outro, mas ninguém cheira a minha.

9
Para se manter fiel só saindo com outras mulheres.

10
Tristeza em demasia sempre me dá vontade de rir.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Foda é viver pensando nisso que não tem jeito

homem,
olhe o mundo,
veja a merda em que você se meteu

nem pense
em escapar,nem tente,
nem lute demais, nem chore,
nem abra essa lata de cerveja agora

veja a lua cheia,
apenas pare um pouco com tudo isso,
é esse o momento de ficar calmo,calmo como
a superfície de um lago congelado

homem,
olhe o mundo,
nem pense tentar vencê-lo,
nem que você morra tentando,
socando paredes de concreto,
você é apenas algo inútil, que passa, é só

domingo, 13 de maio de 2012

Eu preciso acreditar no amor tranquilo

quero
que venha a mulher
para o meu descanso
sem precisar falar
palavras desnecessárias
sem precisar falar
palavra alguma

que apenas se deite na larga
espreguiçadeira, ao meu lado,
num entardecer,
janelões fechados,
cortinas abertas,
vendo o pôr do sol
sob a planície imensa

eu, ela e uma boa garrafa de tinto,
ISSO É EXISTIR,
nada mais é

MayBee

MayBee morou logo em frente
MayBee era uma boa mulher
MayBee apanhava de Rudolf
MayBee vivia marcada
MayBee era uma boa garota
que apenas queria ser feliz
Mas apanhava, apanhava,
quando as coisas não iam bem
para seu parceiro de estrada
MayBee nunca gostou de escola
MayBee soube da droga por ele
Não demorou nem duas semanas
MayBee já seu corpo trocava
MayBee dia sim, dia não,
era surrada, apanhava
MayBee, que coisa estranha,
num apartamento mínimo,
fedendo a rato, barata e pico,
apareceu estrangulada
com sua própria calcinha
ela deixou com a mãe
sua filha, Marianne,
de 11 anos incompletos,
e, pelas ruas,
Rudolf, seu amor infinito,
que já anda a procura
de uma nova
MayBee

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Os Porquês

por que essa urgência, essa premência
para magoar?
por que as ruas estão cheias de sonhos mortos
que esbarram em pessoas tristes?
por que essa falta de?
por que a ficha jamais cai na máquina?
essa fatalidade...
por que essa falta de qualquer coisa?
tanta ironia e impiedade
por que essa carência de sentimento?
ei,
ninguém sabe a quantidade certa de uísque
que traz a tal felicidade?
será que ninguém vê o que acontece nas ruas?
e por que tantos pobres e,
principalmente,
por que tão poucos ricos
com suas piscinas, carros, mulheres,
e garagens (quero o meu quinhão deste sonho)
e possibilidades
e tudo o mais?
por que esse
abandono
e essa insônia rubra?
porra,
por que ninguém me diz
nunca
"vai cara, você consegue".

Lição de um dia qualquer no ermo ali em frente

acredite,
estamos todos sós,
quem está a seu lado
também está só, nas
ruas rudes da city

não se engane,
não confie em ninguém,
nem em seu irmão, camarada,
nem em seu irmão

faça por você,
antes de tudo, por você,
persiga a sua meta,
ninguém fará isso por você,
mantenha-se firme,
aguente o ramerrão,
as coisas como são,
como elas ferem

mas faça acontecer,
berre se for preciso,
mas faça acontecer,
só para você sentir o gosto
de que valeu um pouco
todo esse barulho


sábado, 5 de maio de 2012

JANSO


pouquíssimas pessoas
são realmente interessantes
Janso era uma delas,
um sujeito espetacular,
que ria por nada e tudo

bebedor forte,
alternando cerveja e destilados,
uma ótima conversa o Janso

tirava do bolso o dinheiro que tivesse
- e sempre tinha pouco ou não tinha
e pagava um almoço para alguém
em situação mais precária

um dia, com fome,
ele se sentou na mesa de um deles,
que havia pedido uma dúzia de ovos cozidos,
e foi comendo, comendo, se fartando e comendo,
o mendigo sorria, Janso olhou e disse: “Na próxima eu pago, está bem?”.
O camarada nada disse... Janso havia pagado tantas para ele

por que não há mais caras desse tipo no mundo?
só essas merdas de pessoas pasteurizadas

por que um cara como o velho Janso morre,
enquanto milhões existem sem razão alguma?

é um troço estranho...
bem, pelo menos eu o conheci, você não

quinta-feira, 3 de maio de 2012

...

a dureza
da vida
é a maior força
que um sujeito tem
para seguir
em frente

é preciso
entregar o bastão
numa condição melhor
que a dele

mas, e a nova geração?
será que presta?

às vezes até acho que algo bom pode vir por aí
só às vezes