quarta-feira, 31 de maio de 2017

POR QUE NÃO ,ANTES ? Otto Dusquene
ela não veio como eu esperava
mas em uma curva da existência
quando não havia mais credo,
esperança
quando veio, pensei ser tarde
que minha mediocridade
não se encaixava em sua beleza
esplêndida
quando surgiu, o que me restava
dizer? Mostrar?
O que fazer para ocultar
minha insignificância?
são mulheres assim
que tornam os homens melhores
que fazem os homens duvidar do nada
antever possibilidades,
mas "por que só agora?"
ela veio me resgatar
do abandono
sedar a dor
secar meus olhos
dar algum sentido
a tudo
veio simplesmente,
trazer uma palavra calma, cuidar de mim,
"chegar de beber, Duc, vem dormir, querido"
As Coisas


sempre iremos, de alguma forma,
quebrando coisas
copos, garrafas, corações e mentes
é inevitável, é da vida

saberemos muito pouco ao final,
mas teremos uma certa sabedoria
da caminhada
de alguma forma...

é inevitável
que a grande festa termine
é inevitável que o drinque
acabe, e não encontremos mais nada
no fundo do copo
no lar
na galáxia

mas teremos feito uma caminhada útil
e necessária
para uns e outros
e sairemos, ao final de tudo,
com um leve cumprimento
- de nada, obrigado.
Gallery

she has what a man needs
i see her dressed in red
and it hurts
she has her dreams
and i’m not in them

she has your demands
she doesn’t cry like the others
she has a clear objective
i don’t have any objective
she’s strong

she could have a cat
i could put the cat an the pigeon
together

Dusquene, you're not good at all,
and she knows it
A poem by Otto Dusquene

YOU

you
that think to be great in a few years
that will do shit after the other
that will always keep trying until exhaustion
that nothing will talk about defeats,
finding them justifiable
that will realize his dream an the morning

you
that will see in the alcohol anything of human
that will seek the other face in the moon
that will destroy the model before the first brick cooked
that will imagine there is a treasure under the stone
that will vomit bile and tire next to the fat table
that will anticipate the payment of the day laborer
that will sleep under the stars on a clear and drunk night
that will perish on dead lives
you, man, you
that will rage against injustice but will not
throw a coin
that will serve himself in the last American cup
that will expect to live a little longer and more

for the bear to still try
to snatch the fish
or something like that or
nothing
idiot and human
so it’s so, man

Um grande amigo do homem

"Onde está Penny? Você viu Penny, mãe?".

"Não". Veja se está debaixo do sofá".

A garotinha saiu gritando "Penny! Penny!"

A mãe ficou na sala. De repente viu uma bola de pelos malhada saltitante.

"Gina, Penny está aqui!".

Gina veio correndo. Viu o minicoelho.

"Ué, mãe, que é aquela mancha em cima dele?

Minnie chegou perto, pegou o minicoelho. Examinou a mancha. Sentiu algo.

Levou o bicho ao nariz.

"É merda!"

Foi aí que Bullford entrou na sala, ainda afivelando o cinto nas calças.

"Seu filho-duma-puta! Cê limpou o cu com Penny, não foi?"

"Que cê queria que eu fizesse? Pedi o higiênico. Você estava demorando... O bicho entrou no banheiro, daí pensei... Por que não? E digo mais: não existe nada tão macio. Um dia você devia experimentar".

Gina saiu da sala chorando.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

A poem by Otto Dusquene

Conversation

do not talk if you have nothing
to say
nor a phrase of spirit
if you’re like the others
do not talk,
because you feed the idiocy
of the world
and dynamite the little verve
that still exists

if you have nothing to say
die soon
do not end the least opportunity that life
offers to be finally life

if, when you speak, nothing  lives
if, when you speak, there is no wisdom
and there is only repetition,
sadness and an immense melancholy,
do not speak
often give up is a sign of faith
   


Conversação

não fale se não tiver nada a dizer
nem uma frase de espírito
se você for como os demais
não fale

porque você alimenta a idiotia universal
e dinamita a pouca verve que ainda existe
em algo ou alguém

se você não tiver nada a dizer,
morra logo
não acabe com a mínima
oportunidade
que a vida oferece
para ser, finalmente, vida

se quando você fala nada vive
se quando você fala não há sabedoria
só repetição, tristeza
e uma  melancolia imensa
não fale

muitas vezes, desistir é um sinal de fé
A poem by Otto Dusquene

THE WOMAN YOU LOVE

the woman you love
deserves much more
than you have done

she deserves better words,
she deserves a better sex,
she deserves…

she does not deserve
what you’ve given

every woman expects
compassion
and we give them
bitterness and neglect

what we do with them
affects not only the houses,
gardens, trees,
but also affects
streets and avenues

the woman you love
definitely does not deserve this

what you continue to do to her
affects everyone

for that reason, do not hurt
the woman you love,
neither inside nor out



A mulher que você ama

a mulher que você ama
merece muito mais
do que você tem dado

ela merece palavras melhores,
ela merece um sexo melhor,
ela merece...

ela não merece
o que você tem dado

qualquer mulher espera
compaixão
e damos a elas
amargor e descaso

o que fazemos com elas
afeta não somente as casas,
jardins, árvores,
mas também afeta
ruas e avenidas

a mulher que você ama
definitivamente não merece isto

o que você continua a fazer a ela
afeta todos nós

por essa razão, não machuque
a mulher que você ama,
nem por dentro nem por fora
A poem by Otto Dusquene

CATS ON HOT NIGHTS

Cats on the roofs,
the sex,
it's an insane fight,
visceral,
pure teeth, claws and anger

make sex
how should men and women do
with frenzy

and the despair,
sharp,
under the night,

and the moon,
drunk and pulsing,
seeing all the fucks,
must think

"the cats are better...
  may not be the dominant ones,
  but they know what and how to do"


domingo, 28 de maio de 2017

Gatos em noites quentes

gatos nos telhados...
o sexo deles
é uma briga insana,
visceral,
puro dentes, garras
e raiva.

fazem o troço
como deviam fazer
homens e mulheres.
com frenesi
e desespero,
como faca,
rilhando a campa
da noite.

e a lua, vendo tudo aquilo,
todas as fodas –
as nossas e as deles –
deve pensar
"os gatos são melhores...
podem não ser os dominantes,
mas sabem o que e como fazer”

Otto Dusquene
Routine

hard is the routine
lack of perspective
the pain in the soul

the nausea of everything,
the miserable sun,
the people on the sidewalk

to live is a form of madness
dropwise

who does not go crazy always
has a system
i have mine

i'm a solitary in the steppe
and i like being like i am
so i avoid the idiots
in the corners and bars

if you do not have a
system
immediately find some
before the madness hits
and it's too late

Death will surely turn

think carefully
before taking the next sip
think about this woman first

and,
you know,
her patience with you
is at the end

so think carefully before
the next sip

she may not be at the door
waiting
            for you

and only one dog
will be there to
lick your
             vomit
VEJAM OS POEMAS E OS ESCRITOS DESDE 2010

COMECEM DAÍ
LEIAM OS POEMAS DO DUSQUENE DE ANOS ANTERIORES

NÃO FIQUEM SOMENTE NOS ATUAIS

A PODRIDÃO COMEÇOU BEM ANTES

O TURBILHÃO

Brilhante cratera da vermelhidão extrema

Blood Mary,
uma piscina, vertigem legal,
uma vida decente, Dusquene,
é o que você merece, camarada,
por todos esses anos no deserto,
convivendo com o escol da mediocridade,
com nada além da pura merda

o que as pessoas fazem de suas vidas
não tem a menor importância,
quando eu não as vejo nas ruas,
sorrindo o riso idiota de sempre,
contando velhas piadas, vomitando
batidas opiniões, gargalhando bêbadas

Blood Mary,
o sol, o surrado calção de banho,
um mergulho gelado, o silêncio de dez segundos,
emergir é para os fracos, viver também é,
em muitos casos

Dusquene,
quando você terá o seu quinhão do sonho?
a areia está escorrendo rápido nos trópicos,
e você continua tentando, tentando inutilmente
algum coisa palpável
que lhe de GRANA

Sob a marquise, o gelo

quando sentamos
na mesa de um bar
temos que lembrar
das possibilidades
e não remoer derrotas
estas já pagamos caro,
ou perdemos a mulher,
ou mijamos fora com o chefe,
ou chutamos o cão

mas, que diabos!,
quem nunca fez
uma cagada da grossa na
porra da merda dessa
vida ordinária

Bill pedia desculpas
de hora em hora,
até que a chefia cansou
das desculpas de Bill e
mandou ele pra rua

é assim que funciona o esquema
todos nós seremos despejados um dia,
ou pela mulher, ou pelo maioral da ocasião,
ou pelo cachorro, ou por Deus,
não importa

e sentaremos
num bar qualquer
cerzindo nossos traumas
familiares, nossa incapacidade,
antevendo o inferno que virá
quando dobrarmos a primeira esquina,
logo em frente

Essa merda entranhada em mim

meu domínio
é meu copo
estou só com este vinho tinto e a lua

É, Dusquene,
a vida sempre lhe prega uma peça
ria, sujeito indecente,
bom mesmo é vinho,
mulher e sol na
cara

não vou longe,
logo ali Mirtes cagou no meu dia
me dando mil planilhas
para contabilizar
- seja lá o que isso for.
fiz o negócio todo

fui ao vaso,
caguei,
fiz o que devia ser feito

sai do emprego
e só pensei chegar em casa
e beber...

meu domínio
é meu copo
estou só com este vinho tinto e a lua

Good times

quando você olhar
para trás
o que verá?

uma vida morta,
confortável,
sem experiência alguma

ou algo que ainda pulsa mesmo na velhice

o que você quer fazer
de sua vida?

pense bem,
ou melhor, não pense,
deixe que as coisas aconteçam...

se vier mulher, que venha,
filhos, que venham,
noites normais sem álcool, que venham
cachorro ou gato, que venham,
mas somente um dos dois,
casa, comida, dinheiro no banco
para pagar as contas,
isso não é ruim,
traz tranquilidade

para a maioria das pessoas será assim,
e a rotina tem seus ganhos...

mas a vida sem um pouco de loucura
é como comida de hospital

eu tive meus momentos brutais,
agora estou nas trincheiras,
esperando o velho obus

agora, só me resta
contemplar a paisagem passada,
rir um pouco das coisas,
do que fui,
e do que
sou,
por enquanto





sexta-feira, 19 de maio de 2017

eu não consigo
ver os rostos
não consigo falar
com ninguém

estou cada vez
mais intolerante
ao redor de 
merda humana

merda humana pura,
e os bares também estão cheios de idiotas

e aquelas lembranças de
noitadas
há muito, muito tempo
não dizem porque vieram

eu não guardo lembrança 
alguma
só um pouco de experiência
um pouco de experiência
mundana

e quero a morte de todos
alguns, felizmente, já foram

Subverme na lua de agosto

quando o estrago está feito,
e existir é uma idiotia completa,
quando não podemos olhar
para o espelho,
nem sentir o gosto da rotina
no creme dental,
e o cadarço do sapato rompe
e o botão da camisa se abre
e a barriga salta,
quando tudo está feito
e quase nada há de diversão
nem repulsa,
quando a vida é uma gosma verde
e mais verdadeira é a barata
que passa no canto do ladrilho
do box de banho
que todos os poemas reunidos
em volta da fogueira de Deus
quando, somente quando,
e não ao invés,
e a miséria, e a miséria, e a miséria,
e a mediocridade é uma instituição
salutar à ordem pública,
esperemos
a nova razão, a nova publicidade para acreditar,
em exaustão, na próxima
parada do ônibus, no metrô,
na avenida, na rua, no táxi,
alguém, alguém e nada.

terça-feira, 16 de maio de 2017

Woman

quero amar
uma mulher que tenha alguns defeitos
suportáveis

que saiba cruzar as pernas
que saiba o que um homem quer
que fale tolices
mas não muitas
inevitáveis

quero amar
alguma coisa nela
que sei não estar
que sei
sonho e melancolia
e choro, e gritos,
e discórdias
cotidianas

quero amar uma mulher loucamente sã

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Podridão à míngua

Não tenho a menor vontade
De encontrar ninguém,
Ver ninguém

As pessoas são aquela gosma entranhada no ralo
Do chuveiro

Se fossem, pelo menos, a mosca na teia,
Dariam um sentido às vidas inúteis que levam
Uma pessoa é o inferno da outra
Eu sou o seu inferno, baby,

Mas queria, sinceramente,
Que você fosse a mosca
Moto Continuum

A primeira novela de Otto Dusquene

À venda por e-book

R$ 10,00

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