sábado, 17 de junho de 2017


A poem by Otto Dusquene

Straight position to piss in the sink

Crazy
Follow the men
For trifles

They fall in
Their executioners,
Which drain the blood
Of the individual

They stumble,
Abrutal,
In their own inconsistencies
Of a useless life,
In the big void

Dishwashers and dishes,
Valets in uniform,
Merchants of haberdashery

We manufacture our own condition and
It’s with this burden, on the back,
That we walked, sunken eyes,
Sifting apples and pears,
We will never catch

Divagação

"tem um  melaço"
"é?"
"um gosto de baunilha, umas"
"é?"
"outra verte catarro esverdeado"
"é?"
"limão é bom, com aquele sumo. tem também as alcalinas"
"você conhece bem o riscado"
"vê...", botou pra fora uma língua imensa,
grossa como lixa de marcenaria
"tenho vasta experiência"
"é, dizem"
"sou o maior provador de p.h. de boceta do país"
"sei"

Inconsciências, a parte dolorida

muito perto
estamos uns dos outros
para sabermos
quais vidas são
consistentes,
quais não

há pessoas
destroçadas
que sorriem
velhas aflições
debaixo da pele

há trincas nos
rostos e na alma
que não fecham
nunca

mais saberemos viver com elas


sexta-feira, 29 de maio de 2015

Reta posição pra se mijar na pia

ensandecidos
seguem os homens
por ninharias

estafam-se em
seus empregos-verdugos,
que drenam o sangue
do indivíduo

tropeçam,
abrutalhados,
nas próprias inconsequências
de uma vida inútil,
no grande vazio

lavadores de copos e pratos,
manobristas de uniforme,
vendedores de apólices,
mercadores de quinquilharias

fabricamos nossa própria condição e
é com este fardo, às costas,
que caminhamos, olhos encovados,
divisando maçãs e peras,
que nunca abocanharemos

O meu companheiro em desagrado


"Pro inferno, Dusquene"
O diabo me intimará
eu continuarei a beber meu drink, ainda em casa,
sossegado
"Já é hora de termos uma conversa séria, amigo"
"O que?! Você está me desafiando"
"Pode-se dizer que sim"
"Você não tem nenhuma carta na manga. Você teve uma vida de merda"
"Mas a sua não é lá essas coisas"
"Eu sou o demo".
"Hum, camarada, perto do que eu já vi nessa vida, você está mais
pra madre Teresa de Calcutá"
"Embrulhe seus troços e vamos"
"Para onde?"
"Para baixo, ora".
"Não dá pra adiar até segunda? Hoje tenho um compromisso com Liv, no Frank's"
"De forma alguma"
"Ela tem uma bela bunda. Cê sabe?"
"Hum... Acho que dá pra negociar um prazo"
"Então, ao Frank´s?"
"É, pode ser, ao Frank's"
Levantamos e saímos, bons amigos

Haver

haveremos de ter uma parte nisto
quando os filhos crescerem,
quando o cachorro morrer de velho,
quando as mariposas vierem,
quando o gato roer o rato
e o queijo embolorar

quando a bandeira ficar a meio pau
e o pau não puder com algumas
socadas

neste instante
não precisaremos mais
nos preocupar - esperamos -
porque, quando
tudo isto vier,
estaremos longe

Alma (é preciso uma...)

conserve sua alma,
mesmo que os imbecis ao seu lado
tentem consumi-la com tédio,
risos, ideias e palavras ocas

conserve sua alma,
mesmo que tenha que socar, chutar,  
foder com alguma vida idiota,
melhor do que ver a sua ir pro ralo,
desde que a sua
realmente valha a pena

conserve sua alma
aos berros, bebendo litros
da boa e velha cerveja
que você tanto preza
e tem domínio
de causa

conserve sua alma,
mesmo  que queiram fazer
de seus dias e noites uma nódoa sem fim,
porque você merece paz e silêncio,
principalmente  quietude,
para descrever suas experiências
com tantos seres imprestáveis e disformes 
que atravessam o
seu caminho

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Pássaros

somos os nossos
obstáculos,
o que fazemos
de nós mesmos
aniquila

estamos acostumados
com o derredor,
somos cracas em frestas

merecemos
alguma trégua,
real,
mas...

somos pássaros
pousados nos fios de energia,
para nada,
lodo chapiscante na paisagem
A poem by Otto Dusquene

She

She has given me more than I deserve,
She has given me her insanity,
She has given me her smile and hate,

Our fights are my best memories, skin, nails,
Your screams make me tremble:
 - Don’t do this while holding the beer, OK?

She has given me more than I deserve,
Her heat and lips,
Her body, her soul,
And a few more days in this
Land of devils

quinta-feira, 15 de junho de 2017

1.
Any woman can drive a man crazy in ten seconds.

2.
Every idiot thinks himself a genius. Me included.

3.
Bukowski didn't do literature.
He made his life better, and for this reason he discovered America.

A poem by Otto Dusquene

Identity

if you can not
continue
Where did Bukowski stop?
Why try?

Whitman, Thoreau, London, Kerouac,
Ginsberg, Corso, Fante, Bukowski,
This is the trail to follow ...

The whole cock crowded
- Not even so bad

They are magnificent
Visionary
Pathfinders
Transgressors
All with a great footprint

Them respect me
And devotion
A poem by Otto Dusquene

TIMING

Go slow, buddy,
Life doesn't
need
To be engulfed
In one fell swoop
it's needed
calm

Relax,
Have a beer
Look slowly
a pretty woman
passing
in the street

Hang up
A bit of
Miserable routine,
The vile metal,
Of the lost key,
The cat that lost
The step of the mouse,
Of hate
without
Nexus

And take one
A sip, a sip
only
enough
A poem by Otto Dusquene

Streets

the streets bored,
are spaces only occupied,
but who occupies isn’t really there,
these people don’t know what to do
with their lifes,
are flies in the web of destiny

they have no clear purpose,
and live only for their dogs, cats,
their ordinary families,
for THINGS

worse than the streets are the homes,
BOB’s fat woman,
WILBURN’s nymphomaniac wife,
SMITH’s brainless son

really,
the streets bored,
but the houses are failing apart

and we’re all indifferent to this,
maybe already part of the landscape

Escadas rolantes fazem mal aos olhos


Sou obrigado a ver dezenas de bundas murchas, ignóbeis, toda vez que subo uma escada rolante. Por isso, deveriam ser proibidas. Não as bundas, mas essas escadas. Não quero vê-las (as bundas), mas elas ficam enfileiradas e em ascensão na minha frente. Não há como não notar. Temos que cuidar dos nossos olhos assim como cuidamos dos genitais. Podemos sujá-los às vezes, mas não toda hora. E escadas rolantes sempre oferecem um espetáculo constrangedor.

O formato é variado. Existem os de bunda chapada ou reta, de bunda meia bomba, de bunda meia-taça (em que os pomos caem de repente e ficam ali, pendurados, como massa desprendendo) e os bundões - ou quase isso. Há também o bundão cavalar, megalômano, indecente. Tem de ser de ferro a privada para aguentar um desse tipo.

Todos os dias na volta do metrô sou forçado a me deparar com essa tragédia móvel. Mas há um consolo. Algumas mulheres têm atrás o que muitas vezes lhes falta na frente. E disso eu gosto.

Indizível atropelo de fatos e provas

deixe-me
ficar
no quadrado
seco
do apartamento

o teto
em chamas,
a vida,
em chamas

deixe-me
lhe dizer
o que nenhum
filme de TV
diz

deixe-me
congratular
com estrelas rubras,
com uma sombra
na calçada,
bêbado de vinho,
cheio das ciladas
dos estábulos

deixe-me rosnar,
sangrar, o feixe de nervos,
a pele seca, boca em carne viva

deixe-me
severamente,
densamente,
plenamente,
lhe ver como
você finge
ser


Tempo, tempo, mísero tempo para qualquer fato


vá devagar, camarada,
a vida não
precisa
ser engolfada
num só golpe
é preciso
calma

relaxe,
beba uma cerveja,
olhe lentamente
uma bela mulher
passando
na rua

desligue-se
um pouco da
miserável rotina,
do vil metal,
da chave perdida,
do gato que perdeu
o passo do rato,
do ódio
sem
nexo

e tome um
gole, um gole
apenas
basta

Tome duas aspirinas e um antiácido


um restaurante
na plataforma,
duas ou três garrafas
de cerveja
já vazias 

aquela mulher ali
parece se importar
comigo,
parece que
me conhece,
mas eu não
sei de onde
ela é,
de onde
vem

só percebo
o seu rosto
como
um pássaro
que surge
na vidraça
embaçada
e logo
desaparece
na
neblina