domingo, 27 de novembro de 2011

Um pouco de alma em tudo isso

Mais um vez Natal
os perus já estão na engorda
os destrinchadores já estão sendo procurados
no fundo dos armários

mulheres e homens
começam a ficar nervosos
a insânia dos presentes, armar a árvore
e tudo o mais já se avizinha

Mais uma vez Natal
as garrafas de vinho já são reservadas
o champagne do Ano Novo também e
eu continuo bêbado de tédio

estou, na verdade, cada vez mais convencido
da imbecilidade e da propensão do homem
para o caos, a loucura...

mulheres desagradáveis de se olhar passam por mim, tensas,
crianças agitadas berram seus brinquedos,
homens contam os trocados e pensam nas dívidas futuras
e no trabalho que pode faltar no próximo ano

o quadro é triste, muito triste, lamentável
é, talvez o Natal e as garrafas me façam esquecer,
um pouco, esse drama humano,
quem sabe?

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A merda nossa que vaza todos os dias - escritos de Dusquene (27)

"Humm... Ehhhhhhhhh... Hummm... Velhinha gostosa que cê é, Sally"."Ééé?" "Cê não sabe que é?" "Assim, cê qué? Assim..." "Isso, Sally, faz Sally, cê tem uns músculos aí dentro, Sally. Ughhh...aaaahh". "Aprendi com Wilburn. Ele leu numa revista sacana e eu comecei a praticar, é um tal de poncon.. pompo...". "Para não de praticar, viu Sally, tá? Ughhh. Mais, mais isso, Sallynha...". "Cê gosta, é?". "E como... Pratica sempre comigo, viu Sally". "As ordens, prepara que essa vai doer..."

sábado, 12 de novembro de 2011

É duro ser discreto à luz da lua

Bug Bess entrou no bar. Pug Lee levantou. Alfred, o dono do bar, foi logo dizendo: "Calma aí, rapazes, não quero confusão aqui. Se têm algo a resolver, é lá fora". Bug Bess e Pug Lee se olhavam, ferozes. "Onde está minha mulher?", falou Bess. "Se você não sabe, muito menos eu", respondeu Pug. "Você está fodendo ela, eu sei". "É, demos uns amassos, foi só". "Seu filho-duma..., cê ainda confessa?". Pug: "Estou sendo sincero, foi isso só entre nós". Bess cerrou os punhos: "Cê tem certeza?". "Tenho". "Tudo bem, então, deixo você me pagar uma cerveja". "Tudo bem. Mas só uma". "Tudo bem, só uma". O bar voltou à normalidade.

A merda nossa que vaza todos os dias - escritos de Dusquene (26)

iremos todos morrer em vão,
tentando pisar firme,aguentando,
sorrindo lamentavelmente,
quando tudo em nossa volta
desaba

iremos todos terminar, juntos,
na grande merda colossal,
deitados

e o que fizermos de nossas vidas a partir de agora
- sempre, sempre amigo -
terá sido um esforço
inútil

como o voo frenético dessa mariposa em volta da lâmpada
neste triste fim de noite
de novembro

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Razão que há de dizer adeus, somente, imunda

"Elfroy, largue essa garrafa agora". "Não, hoje é meu dia de folga". "Sempre é seu dia de folga. Você não trabalha há quatro meses". "Não é que eu não procure. Não tem emprego em lugar algum do país". "Vá se foder! Um país deste tamanho e não tem um mísero emprego para um catador de pulgas que nem você". "Mãe, fale pro seu macho repugnante calar a boca, senão vamos cair no braço". "Vem, seu porco imundo! Vem!". "Parem os dois, já". Mamãe foi pegar mais cerveja para Elfroy e Edmund. Um coçou um pouco o saco. Outro fungou. Ambos aceitaram a birita. Um triste quadro. Espalhado pela América mais baixa.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dusquene, sua grande bola de merda rolante

Ei, camarada,
Eu sou Dusquene
E, você, quem?
Não ouvi...
Grande bola de merda você é
Eu faço a minha parte
Produzo alguns poemas,
uns bons outros nem tanto,
mas produzo, estão aí
para serem lidos
ou cobrir piso
de gaiola de canário,
a decisão não é minha

"Ninguém é bom o suficiente para você, Dusquene".
"É que eu não ligo muito pra ninguém, baby,
só para as suas doces pernas brancas de leite", apalpei um naco.
"No fundo você é um sujeito decente, Duc".
"Às vezes, pareço que sim, até para mim".
"Você já ajudou alguém, não é? Todo mundo ajudou".
"É?". "Não é?". "Éééé...."
"Conta como foi?"
"Deixa pra lá"
"Diga, vá", Suzzy esfregou sua bela coxa no meu pau.
"Huuummm... Um velhote desmaiou na rua. O coloquei dentro
de uma lanchonete. Um calor dos infernos e o velho dando umas voltas. Sabia mais ou menos onde ele morava, era dali,
alertei um filho ou genro, sei lá".
"E depois?"
"Deixei o velho com o parente e fui beber no Tony´s".
"Tá vendo? VOCÊ É UM SER HUMANO, DUC!"
"É, pode ser, às vezes..."

É disso que falo: da vida barateada,
descartável, e imensamente sincera
Eu escrevo sobre ISSO, camarada,
E você? Quem? Sua grande bola de merda.