quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Aos que pensam estar na planície em desespero

essa queima de fogos
assusta cães, não a mim,
estou sabendo o que virá

as pessoas vão enlouquecendo aos poucos
tentando sustentar o status quo e,
quando não conseguem,
entram em parafuso,
bebem o fígado,
gemem, culpam o mundo,
ora, o mundo sempre foi assim,
para pior

o desemprego é o que abala,
mas também é uma fonte de oportunidades:
jamais encontrei quem quisesse trabalhar duro desempregado,
jamais

para aqueles que estão desempregados, aconselho:
entrem em 2012 com garra, dizendo "eu tenho colhões, porra!",
vou trabalhar em 2012 até espatifar meus braços e
esfarinhar meu cérebro, mas vou comer parte dessa torta, caralho,
se vou

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A grande bola de merda avança - e quem pode detê-la ao pé do Himalaia?

“Fillgrow, cadê meu presente?!”
Fillgrow olhava a TV, um lourinha vendia alguma coisa.
“Cadê meu presente!”
“Está em cima da mesa. O peru... pra você temperar”.
“O caralho que o meu presente vai ser aquela porra de peru...”
Fillgrow levantou um lado e soltou a bufa.
“Entenda como quiser”.
“Seu cretino... Vou lhe avisando: se não tiver presentes para mim e Vicent debaixo daquela árvore amanhã à noite, você não terá peru algum pra cravar o garfo... Se naquela árvore não...“.
Anunciavam um jogo da NFL para amanhã e ele não conseguia ouvir a notícia por causa dos gritos de Marlene.
“Que árvore? Aquilo não passa de um monte de gravetos”.
“Pois bem, se não tiver presentes – e dos bons – pendurados naqueles gravetos amanhã, seu peru não dará o ar da graça”.
“OK, Mal, vou comprar umas coisas pra você e o garoto. Tem tempo até amanhã”.
“Sei, já são quatro da tarde e você não se mexe dessa cadeira desde as 11”.
“Tem tempo. Pega uma cerveja, baby”.
Marlene gruniu, mas seguiu para a geladeira.
Na TV, Papai Noel mostrava as novidades em uma loja de departamento.
Fillgrow mudou de canal, irritado.
“Porra, tem que ter tempo, sempre tem”, resmungou.

domingo, 18 de dezembro de 2011

...

é,baby,
dividiremos colchões manchados de molas ruins
copos frágeis que se quebram nas bebedeiras
iremos suar um pouco no sexo
faremos o que tiver que ser feito
deixaremos nossos filhos no mundo
e será bom ter feito tudo isso,
porque, apesar de toda luta,
mais não importa...

talvez, o último drinque, talvez
a última azeitona no prato
quem sabe?
nada

sábado, 3 de dezembro de 2011

Em que me abala o que eu não tive por conhecer alguém dessa maneira estúpida

a bebida é um prazer
mas a ressaca é o demônio preso na garrafa
e, você, Otto, tem uma rixa com esse cara
e sempre sai perdendo no confronto

a cidade é um vício
assim como as mulheres e como era o cigarro
belas pernas, coxas, traseiro e seios
triste é ver tudo ir se acabando

não gosto de Natal, de dar ou receber presentes
não gosto do compromisso, de shopping center
da bonomia de rostos intrusos em minha vida
gosto é da solidão de mim mesmo,
ou melhor, comigo mesmo

essa obrigação, essa urgência da época
me causa engulho, certa vertigem até
Dusquene, você não está pronto para festas,
aliás, jamais estará...

não sei, realmente, como você sobreviveu a quatro décadas
e a mais de 15 empregos desconfortáveis, monótonos, erradios
como gatos pretos

a essa inescapável existência
do moto continuum
até o fim
o fim