sexta-feira, 19 de maio de 2017

Subverme na lua de agosto

quando o estrago está feito,
e existir é uma idiotia completa,
quando não podemos olhar
para o espelho,
nem sentir o gosto da rotina
no creme dental,
e o cadarço do sapato rompe
e o botão da camisa se abre
e a barriga salta,
quando tudo está feito
e quase nada há de diversão
nem repulsa,
quando a vida é uma gosma verde
e mais verdadeira é a barata
que passa no canto do ladrilho
do box de banho
que todos os poemas reunidos
em volta da fogueira de Deus
quando, somente quando,
e não ao invés,
e a miséria, e a miséria, e a miséria,
e a mediocridade é uma instituição
salutar à ordem pública,
esperemos
a nova razão, a nova publicidade para acreditar,
em exaustão, na próxima
parada do ônibus, no metrô,
na avenida, na rua, no táxi,
alguém, alguém e nada.

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