segunda-feira, 11 de março de 2013

Seymour


Seymour, o bêbado do quarteirão, morreu. Os conhecidos de Seymour cotizaram o caixão e as flores. Eu, Dusquene, entre eles. Caixão barato, mas decente. Seymour só bebia destilado. Todo mundo pagava as doses de Seymour. Morreu de cirrose lancinante.

No enterro, o céu começou a escurecer forte. Um dos conhecidos terminou um pequeno discurso em homenagem ao falecido. Fechado o caixão, os cinco participantes do enterro, eu entre eles, seguiram até o local do sepultamento. Aí a chuva caiu pesada, uma cortina de água. Havia uma árvore ali perto. Deixamos o caixão com Seymour, que ia no carro de alumínio, debaixo da árvore e nos abrigamos sob uma marquise.

As águas aumentaram, persistentes. Começaram a empapar o caixão. A afogar Seymour.

Foi aí que Bullford falou, refletindo:

- É, pela primeira vez o velho Seymour está bebendo água...

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