sábado, 30 de julho de 2011

ainda terei um dia de sorte

ainda terei um dia de sorte
um dia os números irão colar em mim
como percevejos ou pulgas

e eu abrirei um champanhe
e brindarei comigo mesmo:
- Dusquene, você venceu!

colocarei uma boa grana no banco
comprarei uns troços
talvez até um livro
- um livro? de quem? para que?

comprarei uma espreguiçadeira
e colocarei no meio da sala
que terá também um frigobar
e ficarei, ali, quentando ao sol
- Afinal, Dusquene, você venceu!

talvez até compre um binóculo
para espreitar a vizinhança
ou a lua ou a ponta do meu caralho
- Porra, Dusquene, afinal você venceu!

mas enquanto os números não caem no meu colo
é melhor eu acordar, me vestir e encarar Wilson,
o maldito chefe com cara de águia da expedição

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