quarta-feira, 6 de maio de 2015

Dormência, afinal, é bom

na saída, as enormes
portas do shopping,
o pátio lajotado iluminado,
avanço mais, o negrume,
sigo até a parada vazia,
aguardo o ônibus,
são 23h10,
ele chega, freia,
abre a porta sanfonada,
subo, pago e sento

as faces das pessoas
nada me dizem,
ou melhor, são o que são,
regularmente

são borrões calcinados,
de vidas apagadas,
distorcidas, perdidas,
contorcidas pelo frio noturno,
muitos se encolhem

sigo só,
eles também,
o ônibus faz a curva no final da via,
e desaparece na bruma





Nenhum comentário:

Postar um comentário