quarta-feira, 17 de abril de 2013

ECCE HOMO II


animal urbano
não sei viver longe dos edifícios,
do concreto, do alumínio, das estruturas,
do tumulto da metrópole organizada,
longe da vida em sua aspereza,
isolado da urgência das ruas,
mas não aprecio gente

sou o que sempre fui
e me aproximo conscientemente
dos velhos edifícios como lâminas frias de memória
e não há culpados – ninguém –
só existe vida e seu enorme desamparo

eu sei
eu, o velho Dusquene,
eu que escrevo enquanto bebo
eu e minha experiência de bares
eu que não enxergo propósito ou compaixão
jamais vou conseguir me desvencilhar
dessa roda que desce, desce sempre,
e me faz comer bosta

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