terça-feira, 15 de abril de 2014

Showtime

O cantor de rock do momento ia fazer um megashow. “O cara é bom, cê tem que assistir”. “É, talvez”. “Vai passar na TV a partir das 2 da madrugada”. “Como é o nome dele?” “É K..................”. No apartamento, liguei a TV, fui abrindo umas cervejas e deixei rolar. O troço tava demorando, abri um tinto e continuei deixando rolar. Finalmente o show começou. Jorros enormes de fumaça vermelha, azul e violeta no palco. Luzes girando loucamente, um barulho dos infernos. Entra, enfim, um sujeito esquálido, buço louro e começa a cantar espalhafatosamente uma música escrota. E eu lá, esperando o K................. E o sujeito ali berrando coisas, rebolando, acabando com o microfone e os meus tímpanos. “Porra, cadê o K.................., essa merda aí só deve estar esquentando o público pro cara. Só pode ser”, eu pensei. Quinze minutos depois aparece no pé da tela a legenda “K.................. in concert”. “Puta-que-o-pariu, não pode ser...”, eu disse, “O povo está comendo bosta”. Tive ganas de ligar pro cara que me dera a dica. Mas desliguei a droga da TV e fui dormir. Pelo menos eu estava bêbado. Pelo menos isso.

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