quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Por que me sinto tão mal em meio a isso


não farão falta
vocês que palmilham nos monturos
vocês que estão nas sombras
que se arrastam e tentam e gritam
não farão falta, vocês,
vocês, mentes mortas desde antes do início
assombroso do crepúsculo nos bares,
que riem de nada e de tudo e de nada novamente
cheirando ao fétido, ao indefensável, ao termo
não farão falta nem aqueles
que se julgam imprescindíveis,
nem os que trabalham na solução da eterna
crise global que consome a todos
e que se esvai em milhões de milhões
de milhões de palavras nas redes sociais
não farão falta porque nem sequer existiram
sobre a terra e os bêbados não falam nos seus
nichos sobre coisas que não existem ou não lhes
dizem respeito ou enfumam os bares com o
cheiro de bebida barata
não, não farão falta nem se Deus se lembrasse
de vocês como os mecanismos da agonia perene
da noite lenta avançando sobre a cidade, o céu da cidade, o céu...
quem são vocês que atormentam as calçadas com suas vidas miseráveis
de serem vividas porque a vida é realmente algo como som e fúria,
e dor e entropia, consumação
não farão falta nem no último momento
quando o tempo parar, quando o tempo, o tempo, parar na morte
haverá apenas um fio dágua descendo a rua,
lentamente,  contornando
seus pés

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