terça-feira, 6 de março de 2012

Oh, Deus, oh, Deus...

então, iremos assim?
sem culhões, sem tesão nem verve,
sem emoção alguma, sem cheiro de mar,
vendo imagens de velhas imagens na TV,
cheirando à merda cotidiana
em que o máximo de novidade
é o estatelar de um copo na cozinha,
uma das bocas do fogão aberta,
ou a compra de um hamster por Sophie

iremos por calçadas desniveladas,
entre rostos vencidos e ignóbeis,
repletas de um vazio aterrorizante,
de homens-cagadas de esquecidas fodas
carregando os genes da inutilidade

assim iremos até o fim,
escarrando a secura da saliva,
bebendo a última talagada,
ardendo no veranico solvente,
respirando suor, sal e poeira,
ansiando sombra ou morte,
aquilo que melhor nos couber
como desfecho

mas sempre existe a possibilidade
de mais cerveja e do relax nesta tarde
se uma bela mulher for vista,
aí o mundo se ilumina,
só por ela

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