segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os 30 melhores poemas de Otto Dusquene, até agora - por ele mesmo (9)

Meu medo é não ter tempo para dizer tudo o que penso

Ei, Fante!
Acorde, John!
Por que as margaridas não vieram no momento propício?
Por que o sol parou sobre as montanhas e não quis se pôr?
Por que estamos tão sós na Noite de Natal do hemisfério?
Por que essa sensação de náusea, esse pânico?
Por que levaram da mesa a garrafa de vinho, meio cheia?
Estamos sós nestas pradarias de carpete marrom?
E por que Josie não cuidou da mancha no sofá?
Oh, vida!

Ei, Fante!
Cadê você, John?
E Bandini com seus sonhos de Hollywood?
Por que as violetas estão mortas ao sol?
Por que a névoa azul-prateada cobre a cidade dos anjos?
Por que esses olhos tristes, úmidos de desamparo?
Por que a fisgada na barriga se lhe beijou a doce Lucy?
Assim é a vida John

Vá agora, não demore...
Se esperar, se esperar até a primavera
Você sentirá o odor, verá o grande esgoto
que se transformou a cidade das luzes e das possibilidades

Eu sou meio você John
Eu sou meio você Arturo Bandini
Sigo um pouco a sua receita –
e devo lhes informar que
ESTÁ FINALMENTE TUDO OK!

Enfim,
A vida é feita de tudo isso, de muito disso que você escreveu, Fante...
De gente confusa, de mulheres, de desejos e sonhos e fé,
de onde tiramos contos, romances, novelas,
risadas, dores, lembranças fugidias e belas...
que ficarão para sempre
sob os olhos dos escolhidos
daqueles que SABEM

Nenhum comentário:

Postar um comentário