não há paixão,
só dever, o estar,
a certeza inadiável,
a pressão dos acontecimentos,
desmoronando da pilha cotidiana
enquanto escrevo,
minha mulher dorme,
todos dormem, para acordar sete, oito horas à frente,
na repetição do dia interminável
enquanto escrevo,
há a solidão boa, palpável,
o esquecimento silencioso,
dos afazeres
e o miado dos gatos, o santo
mio dos gatos nos telhados
- às vezes penso que eles são
os donos do pedaço, e são,
mas não, agora,
quando chove torrencialmente,
fodendo a paz dos
santos
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