No futuro, homens se deslocarão em grandes cilindros. Explico. Você será acondicionado em uma cápsula com espaço para uma, duas, quatro, dez pessoas. E, a partir de um poderoso sistema de sucção e propulsão magnética, será jogado numa espécie de autopista. Chegará assim por exemplo, de forma programada e numa velocidade espetacular, no local de trabalho, a 200/400 km de distância.
“Oh, meu Deus, vomitei todo o almoço”.
“Frank, cadê Jezebel?”.
“Sei lá, deve ter embarcado na pílula errada...”
“PARA ONDE, FRANK? MINHA POODLE ESTÁ PERDIDA! VOCÊ TEM DE ENCONTRÁ-LA!”.
“PUTA-QUE-O-PARIU, MARTA! SÃO TRINTA E DUAS OPÇÕES DE EMBARQUE NA CANCELA TRÊS. COMO VOU SABER ONDE A CACHORRA SE ENFIOU?!”.
“FALE COM O MONITOR DO SETOR, POR FAVOR...”.
Não adiantou. O monitor tinha mais o que se preocupar. Disse que não vira animal algum perdido nas imediações. Só restava comunicar ao Setor de Achados e Perdidos.
Para lá se dirigiram.
“Mas vocês cuidam de coisas vivas, não?”.
“Se não forem muito agressivas...”, disse o sonolento rapaz da recepção.
“Ela morde, às vezes...”, atalhou Frank.
“FRANK!”
“Se tentar morder vai pro CEO direto”, emendou o garoto do balcão.
“CEO? Mas o que é CEO?”
“Centro de Eliminação de Objetos... Objetos que estão com defeito são descartados na fornalha”.
“O QUE?! VOCÊS NÃO DIFERENCIAM COISAS INANIMADAS DE VIVAS”.
“Não temos tempo pra isso, madame. O trabalho aqui é corrido. Vazou, explodiu, enguiçou, mordeu... Vai pro fogo na hora”.
“SEUS BRUTOS! QUERO VER O GERENTE DESSA ESPELUNCA AGORA! EXIJO VER O RESPONSÁVEL!”, esbravejou Marta.
Seguiram um dos auxiliares por um corredor longo e escuro. No final do mesmo, o rapaz apontou uma porta de vidro, onde se lia:
“SR. HUMBOLDT CABLE. Gerente-titular do SETOR B-3 de Achados e Perdidos. Proibido terminantemente entrada de animais. QUALQUER UM!”
“Outro dia inesquecível...”, disse um conformado Frank, girando a maçaneta para a passagem da mulher.
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