essa urgência do vil metal
do automóvel do ano, da gasolina Premium
das férias inadiáveis, da mulher do ano,
do vale-brinde, do status
tudo isso mata
e rápido
essa obrigatoriedade de caminhar entre iguais
esse acaso de conviver com os idiotas
essa necessidade de ir toda semana ao mercado
comprar material de higiene
alguma alimentação
e umas garrafas
torna as pessoas cada vez mais duras
cada um cuidando de si
ninguém de ninguém
nem do irmão
nem da mãe
e assim caminhamos
no pesadelo da contemporaneidade
em que todos se desconhecem
embora vagamente conhecidos
Dusquene, ao entardecer
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