As apostas de Ellfroy
sempre davam em nada. No jogo de números havia uma evidente separação entre a
Sorte e ele. Um muro armado entre eles, inexpugnável, feito de concreto, um muro
perene, eterno. Ellfroy sabia disso e, mesmo assim, jogava seus níqueis em esperanças
de antemão perdidas. Talvez fosse um idiota, um viciado incorrigível, um doido apenas. Não
importa. O que vale registrar são suas derrotas constantes, implacáveis como um
murro de boxer. E ele sabia
que iria assim até o fim dos tempos, até a morte do jogo ou da própria morte,
ou fosse lá que o viesse primeiro. Aquilo era maior que ele, era maior que seus
músculos em contrário, seus passos em contrário, sua negação; algo que sempre o
levava à banca, aos números, à perdição. Depois da derrota, da pule amassada, jogada
na rua, a raiva, a dor, a angústia, o remorso, tudo num turbilhão, vindo como
dose amarga na garganta seca como pó. “Um dia vai dar... Um dia os números
caem, precisos... E eu, então,...”. Ficou nisso, indo para o velho cubículo,
para os braços de Eleanor.
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