detesto muitas coisas...
shopping centers, sapatarias,
TV aberta, barbearias, a urgência dos dias,
cerveja choca, bares que fecham ou não abrem,
a morte previsível em cada rosto, cachorros,
pombos, as filas dos vencidos nas loterias,
o caixa eletrônico que reluta em vomitar meu dinheiro
detesto o que fazemos de nós mesmos,
o que nos condicionamos a fazer por comodidade, família,
ou pensando que, assim, estamos nela:
NA SOCIEDADE REGULAR
beleza,
e assim nos moldamos,
autômatos até a medula, há 40 anos,
nascidos para isto, vivemos dessas misérias e certezas
até que não tenhamos forças sequer para resmungar
nem por e-mail
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