segunda-feira, 19 de março de 2012

Aos 48, na Dover

48 anos
nesta sexta-feira
e parece que vivi um século
é tempo demais para escrever uns 15 livros
- dois que prestem pelo menos

vou preencher sempre a página em branco
enquanto ela estiver ali, de pernas abertas,
vou fazer uma aposta na loteria também,
porque o bom Deus pode me sorrir, quem sabe,
uma aposta modesta, US$ 7,00 por semana,
só para correr o sonho

48 anos na planície
e você agüentou muitas coisas, Dusquene,
empregos tenebrosos, repletos de gente alguma,
e você nem é tão forte assim,
ainda tem medo do amanhã, confesse,
sua grande bola de bosta

mas o corpo ainda suporta o tranco,
e você deve ir mais devagar com as garrafas,
se quiser viver mais 27 anos, se quiser,
pois ninguém se importa com nada
do que você pense ou diga
- todos só querem saber de si -
e você também, é claro: foda-se o mundo!
- só quer estar legal consigo mesmo

(...)

passei muito tempo
lendo a vasta literatura morta,
há uma década e meia não preciso mais desse lodo,
afinal, com 48 anos, sempre se aprende
algo de bom
e útil

digo a todos os que querem escrever que façam o mesmo,
derrubem os cadáveres da estante...
só relaxem e leiam os grandes autores,
os de fato, os vorazes, os dementes de vida –
London, Kerouac, Ginsberg, Fante, Bukowski
e alguns outros

façam isto antes dos 30 anos,
não desperdicem o tempo que eu perdi

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