meus olhos estão dormentes de ver as mesmas coisas
mulheres empurrando carrinhos cheios nos supermercados
mulheres levando seus cachorros para defecar na grama
ou empurrando os futuros homens em carrinhos de bebê
estou cansado também das bancas de jornais
de apreciar tantos rostos débeis a passar por mim
rumo ao nada
meus olhos estão sedados de ver, dia após dia,
a consumação do tempo em inutilidades
estão cansados do mundo jovem
com seus skates e esportes radicais
esgotados também pela multiplicação de academias
e biotônicos e isotônicos
e tudo o mais
meus olhos padecem e eu não posso arrancá-los
das órbitas diárias do meu ser comum
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