Você,
que pensa que será grande daqui a alguns anos,
que pensa que realizará seu sonho sob água matinal,
que permanecerá sempre tentando,até o esgotamento,
que sobre derrotas nada falará, justificando-as todas,
que fará uma merda atrás da outra
Você,
que buscará no álcool qualquer coisa de humano, e ficará vencido,
que procurará qualquer coisa sob o solar da lua morta e nada encontrará,
que desmontará a maquete antes mesmo do primeiro tijolo cozido,
você, homem, você, você mesmo, que dormirá com os porcos, no trajeto,
e que clamará aos céus pelo aniquilamento
Você,
que imaginará ter um tesouro sob a pedra,
que vomitará bílis e desejos ao lado da gorda mesa,
que espantará pombos como bichos humilhantes,
e se servirá do último drinque no copo americano,
você, homem, você, você mesmo, que é da América,
nua, escura, úmida, calorenta, bela
como uma stripper
Você,
que perderá os culhões sob as fachadas luminosas dos supermercados,
que antecipará o pagamento da empregada por pena e asco e insinceridade,
que dormirá sob as estrelas em uma noite clara de vigília bêbada,
que deixou para trás todo o legado de 50, 60 e 70,
que esperará somente viver um pouco mais mais,
para que o urso ainda tente abocanhar o peixe,
ou algo, assim, idiota e totalmente humano,
assim é, homem, assim
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