sábado, 8 de setembro de 2012
A derrocada de um pequeno homem
- Ehhe. Ehhhehhheeh.
Olhei. Era um velho, chamado Sigmour.
- Que foi? Não vai com a minha cara? - perguntei.
- Eu já tive mais mulher que você, Dusquene.
- Bom pra você – eu disse e beberiquei meu gim.
- Guardo o nome de todas as mulheres que fodi neste caderno. Ehhhehhhh.
Sigmour balançava uma agenda ensebada, ou algo assim.
- Como é que é, seu maníaco?
- Tá tudo aqui. Nome, local, horário da trepada.
- Você precisa ir ao psiquiatra, Sigmour. E isto é pra já.
Sigmour abriu o livro.
- Ahh, tive mais mulheres com “V”: Victoria, Vance, Vanda...
- Wanda não é com “w”? – perguntou um dos clientes que acompanhava a conversa.
- As minhas são com “V”. Tive três VANDAS.
Sigmour abriu seu sorriso desdentado. Tinha uns 70 anos.
- Me orgulho muito deste livrinho.
- Deixe-me ver os nomes – disse o cliente.
- Isto não é para seus olhos, filho – disse o velho.
- Queime ele - eu disse – ou passe os nomes a limpo. A agenda está porca, imunda. Acho que você não consegue ler os nomes que estão aí.
Sigmour ficou puto.
- ISTO É MINHA VIDA, DUSQUENE. ISTO É TUDO O QUE ME RESTA NESTA MERDA DE VIDA. NÂO ME VENHA COM BRINCADEIRAS!
No que ele falou a agenda veio abaixo. Esfarelou-se.
As folhas espalharam-se pelo chão do bar. Caíram aos pés das pessoas.
E estavam todas em branco.
Sigmour olhou as folhas jogadas pelos cantos. Sua boca começou a tremer. Depois seus braços e pernas. Depois ele inteiro.
Via diante de mim o desmoronar de um pequeno homem. De uma ilusão.
Fiquei triste. Mas não podia fazer nada.
Aliás, fiz. Levantei Sigmour do chão.
Paguei a ele uma bebida forte. E continuei a beber meu gim.
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