segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Eu e ela em meio ao tédio infinito

o risco é sempre estarmos vivos
e nos aborrecermos mutuamente
- o que é sempre inevitável

é nos detestarmos mais a cada dia,
a cada gesto, a cada olhar, a cada visita, no caos
de tudo e todos

estamos de saco cheio
uns dos outros,
admitamos...

fora os parentes, os vizinhos,
os cachorros mijadores e cagadores,
as mulheres que vivem vidas por meio de novelas,
fora a maldita velha que tosse e tosse e tosse
enfim, fora a grande bola de merda
feita de tudo isso e
que sempre vem
em nossa
direção

por isso, baby,
fique um pouco quieta,
só olhe aquela grande lua e
estas bebidas em nossas mãos
vazias de carinho

Um comentário:

  1. "A poesia é uma religião sem esperança." (Jean Cocteau).Gosto da sua poesia, desesperadamente urbana. Me identifico.

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