Um lamentável episódio de minha pobre vida
Foi assim.
O cara do Serviço de Pessoal do Fundo de Pecúlio dos Correios me encarou e pediu que eu preenchesse o formulário de admissão. Era um gordo, empapado de suor no colarinho, os botões da camisa arrebentando.
Comecei.
Nome: Otto Dusquene
Profissão: qualquer uma que me convier (e à gerência).
Endereço: Rua Buckshoes, 135, fundos da Madison (endereço inventado na hora)
Preferências: beber "quentando ao sol". Beber perto do frigobar. Beber simplesmente.
Não gosta de: gente e tudo o que dela decorrer.
Política: não cheira bem.
Por que quer entrar para nossa equipe: estou muito só ultimamente. E preciso de grana.
Você é meticuloso naquilo que faz: depende do que for aquilo. No geral, não.
Hábitos: vide "Preferências"
Por que quer trabalhar no Fundo de Pecúlio dos Correios: vide resposta "nossa equipe".
Gosta de animais? ?! (talvez: de pombos e gatos, quando se misturam)
E a coisa foi nesse marasmo até o fim. Puro soterramento.
Depois de 45 minutos, devolvi o troço pro gordo do Serviço de Pessoal.
Aí aconteceu a merda toda. Mesmo após lerem todas as minhas referências e observações me ligaram numa tarde quente comunicando que eu conseguira a porra do emprego.
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