eu não irei a lugar nenhum esta noite
com essa lua, esse tinto, a camisa manchada
imprestável como seu dono
minha dona já dorme
e eu bebo na garrafa, na sala,
olhando uma lua cheia inacreditável,
pernas escoradas numa outra poltrona
três da madrugada,
me sinto deslocado, alienígena, feliz enfim,
baixo os olhos até o dorso vazio do asfalto,
calma em tudo, o mundo perfeito,
sem ninguém, sem trânsito algum,
só o semáforo piscando à meia distância amarelo,
para o nada, o nada
"Dusquene, é você?"
"Eu? Quem?"
"Estou falando da lua. Quer dar uma volta? Ver a Europa de cima".
"Obrigado. Prefiro ficar neste tinto. Além disso,
está meio complicado por lá. Prefiro continuar lhe admirando daqui".
"Entre em contato quando precisar, sim".
"Tudo bem, camarada".
Olhei a garrafa, ainda tinha um quarto.
Emborquei...
Que lua, fdp! - pensei
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