seguimos porque seguimos,
por necessidades aparentemente inadiáveis,
acordamos nesta manhã cinzenta
nesta cidade cinzenta
que é ...
vemos novamente esses rostos
cheios de insignificância no metrô.
ansiamos por uma revelação,
em meio a toda essa horda,
e que jamais virá
por que tudo isso?
para que tudo isso, meu Deus?
tanta gente abarrotada e inútil
em vagões fedendo a gente
não gosto de gente
sou antissocial por natureza
não gosto de que gostem de mim,
que falem comigo
não quero realmente que gostem de mim
isso me faz comum,
comum demais,
me faz mal
já vi sujeitos desesperançados
entortarem a viga
por não encontrar saída
- ah, essa ponte tão convidativa...
mas eu não sou um deles.
se cheguei até essa marca de cal
quero ver a linha de chegada.
só preciso de um pouco mais de coragem
mas não quero
que me apoiem,
que me incentivem,
que torçam por mim.
deixem que eu calce meus sapatos sujos
vista a camisa mal passada...
enfim, que eu levante,
simplesmente só,
meu fardo
nesta manhã
particularmente cinza
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