segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Julia Newman

Nenhum corpo mortalmente insano
Viverá para contar, enquanto gritarmos
no calejado nó de nossas bocas...
no emborcar da garrafa em meio ao nada
aquele verde espectral, aquela parede morta
há muito, o quadro, a natureza morta, morta,
mais que Julia Newman em minha vida.

Se você souber onde ela está neste momento
Julia Newman... mande um toque
diga que o Otto escreveu este poema pra ela,
pra seus cabelos de trigo louros, para suas
ancas, para livrar-se do tédio do vinho passado,
para relembrar uma tarde
de pássaros sem gaiolas

Um jorro, um vômito

Dusquene, Otto

Profissão: ...

Idade: 49 anos

Expectativa: um porre menos dramático, talvez

Viver: um ato de fé, acredito

Fé: um ato

Um mulher: a que me faça rir

Mulheres: só algumas prestam, de verdade, em essência; a maioria só serve para enlouquecer o homem


Um estrondo na guerra intrínseca

falaremos de muitas coisas
coisas imprestáveis para serem ditas
e nem iremos entornar o último copo
porque não deu

teremos que nos haver com as sobras do supermercado de
cinco semanas
e não mais riremos
porque as lembranças estarão meio enevoadas nesta época

e somente teremos pena de nós mesmos e do que nos tornamos